Publicada em
Os desafios e as tendências do turismo
Apontar as tendências e os desafios para um setor sempre é tarefa difícil devido à velocidade das mudanças na economia mundo afora. Traçar essa análise para o turismo, então, é ainda mais complicado dada a dinâmica do segmento. Assim pensa o professor catedrático José Manuel Henriques Simões, que realizou uma apresentação para um público seleto de Foz do Iguaçu.
Titular do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa e do Núcleo de Turismo, Cultura e Território (TERRITUR), o português utilizou os conceitos da obra Seis propostas para o próximo milênio, do escritor italiano Italo Calvino, para contagiar o público presente em sua palestra ministrada durante o Festival de Turismo das Cataratas.
Simões destacou, entre os desafios, a “leveza” em prol dos processos de sustentabilidade e desenvolvimento turístico; a “rapidez” para a desburocratização e eficiência nas relações de governo e mercado; e “exatidão” aos estudos, planos e visões estratégicas do setor. Apontou ainda a “visibilidade” para aumentar a competitividade de atrativos e destinos; a “multiplicidade” para alcançar cooperação e participação entre os atores; e a “consistência” para definir políticas e estratégias.
Como tendências do turismo, o professor destacou a internet em telefones e tablets, grandes empresas comprando as menores numa velocidade ainda maior, e a preferência por hospedagens alternativas em casas e hostels atrás de experiências familiares. Também mencionou a China e a Índia como países emissores de turistas e pediu atenção ao preço do combustível como termômetro do custo das viagens.
O professor citou ainda a “turistificação do território” (processo de transformação de um local em território turístico) e o deslocamento de pessoas atrás de grandes eventos em destinos turísticos (ou mesmo um calendário permanente de pequenos e médios eventos). “O turismo é a segunda maior indústria do mundo, só atrás dos serviços financeiros, com efeito multiplicador de empregos muito forte. No fundo, temos as mesmas ideias de anos atrás. Os caminhos andam em ciclos”, ponderou.